VULTO MAR
Colhe o que plantas agora
para levares em cortejo dourado,
és de feitio semelho à amora,
capim, joaninha, campo sagrado...
Tens a agulha para coser silhuetas
de versos e adjetivos, vestir almas,
lábios treinados para tocar a trombeta
no pórtico do céu, em doce calma...
Olhe o que há por detrás do espelho,
do espelho outro atrás algo tem,
a ti porém vago outro semelho,
face oculta do que lhe convém...
Quando se unires ao cósmico mar,
e ao mar dar de si o que fez de oculto,
verás nau pregressa em bravio mar vagar,
e no leme, seguro, o teu sempre vulto...