BANDEJAS
Abro as miragens,
dezenas de leques
batem na minha cara,
acabo sempre
me sentindo entupido,
por isso nunca de desfaço
do meu desentupidor.
Os algoritmos me levitam,
me servem todos os desejos
em bandejas convidativas
consumistas e ideológicas,
algumas racistas,
ainda piores,
outras mentirosas.
No anônimo desenho cego
das redes de ódio,
sempre que estouradas
As manadas pisoteiam
a busca da verdade.
O leme foi quebrado,
estamos sem bússola
e a fumaça escondeu
o caminho da ciência.
A morte gosta da ostentação,
agora borrifa no Pantanal
perfume com cheiro
de carcaça queimada.
Nas selvas de concreto
ouviu-se novamente
uivos ensandecidos,
são os apelos dos adoradores
dos cogumelos nucleares.
A doença
da pandemia conservadora
está adoecendo o mundo,
as bandejas infectam os cérebros,
é urgente uma vacina.