Uivando com os ventos
Prosa poética
Prosa poética
Alma que na madrugada entra pela janela, vem das nuvens, atravessou a escuridão, traz nos ombros e nos olhos a cor da noite, cedo havia deixado o chão, foi juntar-se aos ventos, às folhas secas, às plumas em voo raso. Insatisfeita, sozinha foi mais alto, encheu os olhos com a poeira das estrelas que ninguém percebeu. Voltou uivando com os ventos por trás do silêncio, que ninguém quis ouvir. Enquanto o mundo adormecia, soltou seus próprios gritos. Sorrateira retorna para o seu pequeno mundo, antes que amanheça, quem sentiu a sua ausência, se era uma alma tão sua somente, foi preciso tanto tempo para esse apropriar-se, sem sentir a fadada solidão. Era por si só, a sua melhor companhia... Plena, ao sono se entregaria, fechava as cortinas. Fechava os olhos, deixaria o sol tomar conta do dia, antes olhou para fora da janela, viu as nuvens com a sombra da noite. Não sentiu cansaço, mas precisava sonhar, desta vez dormindo, mas a insônia fazia um bem incomum. Ouvindo os pássaros, sentiu fria a brisa apressada que vinha arrastando a claridade da manhã que aos poucos ia dando cor às lembranças de uma viagem de encantos pela noite. Tanta beleza rasgar a madrugada. Voltava para o quarto com a sensação duma poesia que só a sua alma conhecia, dormiu com a emoção daquele gosto único pela vida.