Fardo
Estou aqui trancado, jogado, esquecido no quarto...
Meu povo sangra, chora, morre de fome em silêncio...
A mídia joga, esfrega e vende o sangue dos vários...
Foram os amigos, os pais, avós todo um sentimento...
O coração está apertado o ar está cada vez mais tóxico...
Sinto medo, revolta daqueles que propagam o ódio....
Cospem honestidade, bondade e um nome santo...
Porém apoiam um pensamento oposto desse canto...
O Brasil está sangrando desde sua descoberta...
Roubaram os índios, tomaram a terra...
Disseram que era o tal progresso, a tal evolução...
É nada, era só o começo da famosa corrupção...
Estou no centro do pulmão do mundo agora...
Estão morrendo com os pulmões inflamados em volta...
De um lado morre a vida humana depressa...
Do outro queimam no caos a floresta...
Oh meu Deus o que me resta?
Colocar em poucas linhas essa tragédia...
No futuro se houver irão dizer...
Esse poeta sofreu ao escrever...
O meu país é um paraíso em riquezas naturais...
Só que governado pelo algoz dos meus ancestrais...
Em falas mal ditas provoca o Vírus e propaga o ódio...
O resultado é centenas de enterros sem velórios...
Enquanto uns pedem “salve" a economia no conforto...
Outros morrem no aperto do barraco do lado do esgoto...
Ninguém viu a dona Raimunda morrendo agonizando....
Ninguém sentiu a dor do pobre humilhado em prantos...
Ainda estou aqui com fome e jogado...
Isso foi só um grito calado...
Um fluxo poético em meio ao genótipo caótico...
A luz demora, não sei por quanto vou aguentar esse fardo...
Fardo, fardo, fardo....
Felipe F. Oliveira (19/05/2020)