Calendário dos nadas


o céu é de pedra
o momento endurece
a morte está em chamas
jogada de um lado pro outro
pela mão dos virtuosos
a Amazônia se dissolve
em fumaça e distância
só serve para as chamas
pautando de tristeza, roubando o futuro
em vários estágios de desconsideração
a clareza do inevitável
violência desinteressada
como se a morte fosse tradicional
envergonhando nosso pão
sentir a vergonha sendo trazida
pela falta de vergonha
agora existe o tempo todo
não há tristeza que chegue
agora é só dormir e estar morta
a morte está entre nós
até que cale quem duvide
a realidade essa areia movediça
é como se tivesse matado Deus
hoje, só a morte é sincera
e me pergunto:
se o amor teria feito diferença.


A verdade pode ser muitas coisas
Depende muito de que lado ela está.