ANOITECEU

As luzes da cidade

Ofuscam a beleza do céu

Tirando a viçosidade da noite

Afugentando de seu manto

As estrelas

Que sem opção

Escondem-se

Atrás das pesadas cortinas de fumaça

Temendo ter o seu brilho

Aprisionado para sempre.

As montanhas de concreto

Tiram da minha vista

A beleza do entardecer no horizonte

Apequenando a minha visão

Ante o esplendor do universo.

Como sinto saudades

Do meu pequeno quarto

Onde as luzes mais encantadoras

Eram o brilho das estrelas

Que piscavam quais vaga-lumes

Em meu quintal.

Onde de minha janela

Eu espiava a lua

Declarando-se a noite

Com o seu brilho insensato

Tão reluzente

Quanto o sol em sua glória.

Mas os arranha-céus

Oprimem a minha visão

Castigando os meus olhos

Aos paredões

Roubando-me o céu

Tornando-me pequena

Trancando à sete chaves

A minha única riqueza

"Ver além das nuvens."

Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 20/09/2020
Reeditado em 07/04/2021
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