O Retrato.
Estranho o estranho que sorri no retrato.
A foto esquecida na gaveta, antiga, esmaecida
Meu olhar pelas lágrimas embaçado,
Ainda que atordoado e sem rumo,
Percorre as paredes nuas da casa vazia dele,
O estranho do retrato.
Estranho o estranho que sorri no retrato.
Onde ficou o que vivemos?
Guardo o retrato na gaveta.
Já não choro.
Foi a despedida do que foi sem nunca ter sido
Era eu, era ele, mas nunca fomos nós.
Saio lentamente e fecho a porta.
O passado ficará lá.
Guardado na gaveta.
Esquecido.