O DESABAFO DO ESPINHO

Quem enxugará a lágrima

daquele espinho?

Não há sequer um lenço de compaixão?

de onde irradias para os mundos e submundos

toda espécie de solidão?

" Não consigo mais me conter ",

Desabafa o enjeitado

Estou a sempre a protegê-las

mas levam-nas, tão belas,

minhas champagnes,

as vermelhas, brancas, rosas

e amarelas

furtam-lhes, as lindas beldades

belas fadas, anciãs melifluas

sorridentes ninfas

e saltitantes cinderelas

sorumbático quando as levam

é excruciante a dor do espinho

de similar magnitude

daquele rejeitado e agonizante

filhote de passarinho

Ambos clamam suplicantes

Na esquálida esperança

que o bom samaritano

mude ao menos hoje, a rota abençoada

de seu cândido caminho

não tens um lenço repassado

em enternecida compaixão

pra enxugar a lágrima daquele espinho

que lateja num coração?

Onde muitos a compartilham,

Qual essência, símile, síntese

da multifacetada solidão.

Poesiasegirassois.blogspot.com

davicartes@gmail.com

Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 23/10/2007
Reeditado em 27/10/2007
Código do texto: T706604
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