à Vincent Van Gogh
aquelas estrelas haviam se oferecido
à iluminar sua província.
(ainda por desbravar, portanto, inacabada).
convidou-te daí da varanda do mundo.
esse mundo que não te compreendeu
a paixão extraída e doada das cores de seu jardim.
um raro jardim havia em suas pálpebras
costuradas, provavelmente, aos pés de algum demiurgo
que palmilhando-o, largou atrás, filamentos
tecendo extraordinariamente o que não sei imaginar
e que você pouco ou obsessivamente observou.
e nessa sala escura em meio ao turbilhão omisso,
deixou suas cores, sua humanidade,
deixou suas botas, seus girassóis,
rendeu-se às estrelas fabulosas.
libertou-se com uma asa menor que a outra.