Borboleta
Eu não quero ser uma pessoa sempre triste
e contar minhas alegrias em poucos dedos
lembrando mais dos momentos em que choro
sou insegura, tenho dúvidas ou sinto medo.
Não quero sorrir pelo final de semana inteiro
e assumir um compromisso com a segunda
de agonia, mau humor, indiferença ou desespero
sabendo que vou sofrer pelo que eu não sei ainda
Quero alegria com intenção e com propósito
Não o riso que, às vezes, sai sem querer
até aceito uma felicidade que me mantenha no lugar
a qualquer sofrimento que prometa me fazer crescer
Mais que sentir alegria, quero saber que sou feliz
e não me conformar com a dor do que já conheço
pelo que eu sofri, o que vivi e o que eu mesma fiz
eu não a quero como um fim, mas como o meio
Quero o caminho de flores, cores e bobagens com sentido
que seja mesmo bobo tudo que me desperta o riso
chega de me convencer da dureza da realidade
e ocupar meu ser com sentimentos que não preciso
Eu sempre disse que já conheço a tristeza
e com o conhecido é mais fácil de lidar
mas hoje sei que se for contra a natureza
não terei medo de fechar os olhos e arriscar
Não sei quem sou quando eu molho o travesseiro
não reconheço a voz do grito que sai de mim
eu não nasci para afundar no exagero
se o exagero não for o de ser feliz
E não há erro em querer estar acima da média
de sentimentos que desconheço em mim mesma
eu reaprendo, me transformo, faço o casulo com paciência
hoje a lagarta, em poucos dias a borboleta.