Página apoética
Página apoética
Sandra Ravanini
Afadigada está a palavra, tão inútil quão solta;
quantas inspirações gritando o abandono, o frio e a sede
em mais um protesto medíocre versado às paredes?
Uma pobre mão não muda o vazio das muitas outras.
Senil esta linha qual branca ou tortuosa abjuração;
dádiva compondo ao faminto um poema analfabeto,
um verso surdo na branca utopia versus o concreto
onde esmurro as métricas no papel incréu da ilusão!
Críticas eréteis! Oh pensamento meu, vã criação;
devo parar tudo aquilo que gratuito sai de mim
nas exéquias onde crio a crônica do meu ledo fim
e decepar a poesia que outrora chamei às minhas mãos.
Vai, poesia de minhas mãos, o mundo irmão come os irmãos;
voa a grafite e vira pó no breu deste meu carbono,
brilha assim a luz que havia no sonho deste sono,
...desperta do coma lendo o olhar no adeus às outras mãos.
23/08/2007
21h55