Amuleto
®Lílian Maial
Um verso negro atravessa a rua,
passa debaixo da escada e vira de cabeça para baixo.
Dá azar quebrar um verso, sete anos torto de rimas.
Poetas têm sete vidas, dançam com sete véus,
têm o corpo fechado pelos sete lados.
Poesia não é coisa desse mundo
e bardos têm um pé na eternidade.
Ontem quebrei um espelho.
Quebraria mais dez, caquinho por caquinho,
por me revelarem o final da história.
Dá azar quebrar espelho.
Mais, ainda, enxergar o mundo.
Voei nas asas de um pensamento.
Ele foi longe, não me deixou guiar,
deu voltas e mais voltas e pousou.
Era noite de sexta-feira e a lua uivava para mim.
Aconcheguei-me sobre uma palavra solta e adormeci.
Despertei com a maldição do silêncio.
Praga de saudade.
Embriaguez de um olhar remoto.
Esfreguei as sílabas do tempo, não sobrou migalha.
No chão, num canto, feito amuleto na escuridão,
um ditongo me diz não.
****************
®Lílian Maial
Um verso negro atravessa a rua,
passa debaixo da escada e vira de cabeça para baixo.
Dá azar quebrar um verso, sete anos torto de rimas.
Poetas têm sete vidas, dançam com sete véus,
têm o corpo fechado pelos sete lados.
Poesia não é coisa desse mundo
e bardos têm um pé na eternidade.
Ontem quebrei um espelho.
Quebraria mais dez, caquinho por caquinho,
por me revelarem o final da história.
Dá azar quebrar espelho.
Mais, ainda, enxergar o mundo.
Voei nas asas de um pensamento.
Ele foi longe, não me deixou guiar,
deu voltas e mais voltas e pousou.
Era noite de sexta-feira e a lua uivava para mim.
Aconcheguei-me sobre uma palavra solta e adormeci.
Despertei com a maldição do silêncio.
Praga de saudade.
Embriaguez de um olhar remoto.
Esfreguei as sílabas do tempo, não sobrou migalha.
No chão, num canto, feito amuleto na escuridão,
um ditongo me diz não.
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