Chega a segunda-feira.... e ela vem chegando, sempre
há decadas me espreita, sádica e feliz, dizendo:
Eis-me aqui para lembrá-lo das contingências!
Na esquina o fantasma uiva lembranças
de nenhuma existência em particular...
Os fantasmas não sabem para que servem
apenas manchas insensatas, sem sangue e prazer.
Chega a manhã deprimida, a neblina persiste
na primavera adiada dos filhos do eterno inverno...
Não percebo as flores que alguém anuncia
não bebo o néctar da deusa amorfa da euforia...
Tudo em mim pesa, é agonia, não tristeza
porque tristeza é só uma pausa na alegria...
A neblina ocupa meu cerébro e nela me oculto,
das pessoas amadas e não amadas
nela me preservo ciente sempre da morte.
Sou infeliz?
A tanto não chego nem admito...
Sou talvez um desgarrado, um resoluto
deserdado homem da mitologia e dos mitos.
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