Noite linda (23 de junho de 1980. Uma noite em minha vida que nunca teve fim...)

Noite linda

(23 de junho de 1980. Uma noite em minha vida que nunca teve fim...)

Voltei aqui para te ver, senti saudades e por isso eu voltei. Trinta e poucos anos já são passados, mais a saudade me trouxe hoje aqui, porque de te eu me lembrei.

Era uma noite linda, o baile estava apenas começando, e enquanto todos dançavam uma linda menina eu encontrei. Logo lhe convidei para dançar e no meio do daquela multidão, num cantinho do salão os seus lábios eu beijei. “Abri a porta” que linda canção! Era Dominguinhos que cantava assim. E como num emaranhado, dançávamos juntinhos agarrados, era tudo um sonho para mim. Seus pais de longe nos observando, Diomedes seguia ali tocando, e aquela canção, parecia não ter mais fim. Já era de madrugada, quando ela me convidou para subirmos ao balde do açude, e em meio ao frio intenso, lá ficamos em silêncio, agarradinhos feitos um grude. De volta ao salão fui falar com o sanfoneiro, que gentilmente e sem dinheiro, me repetiu aquela canção. Eu, todo de preto me vestia, caia bem para mim, contrastando com seu verde de estampado, figurando seu manequim. Eu sentia o seu corpo leve, deslizando entre meus braços, e no compasso de seus passos meu coração dizia sim...

O tempo passou, e nesse clube ficou guardado, um pouco dessa historia que passei. Ainda trago dois filhos, frutos desse relacionamento, para brindarem aqui comigo, as lembranças daqueles momentos.

Ah que saudade! Que saudade que pena, dói meu coração, de te ver nesse abandono em vulto à solidão. Quem te viu no passado, quem te ver no presente, se assusta com teu estado, de perto agente sente. Tinhas por certo naquele mês, o triângulo e o zabumba, a sanfona nem se fala, não faltavam esses três. Hoje tuas noites juninas, mais parecem noite de solidão, me calo em teu silêncio, dói meu coração. Deixas-me te eternizar com meu amor numa fotografia, pra que eu possa me lembrar de te, quando eu me for, e que me fizeste feliz um dia.

Quem me dera voltar aquele mês! E reescrever a tua historia, guardar tudo in memória e rever aquele filme outra vez... Ah que saudade!... Daquela canção no acordeom, daquela noite e do seu baton, dançando sem sair do tom. O tempo passa, passa e agente envelhece, a saudade fica e agente não esquece, daquilo que um dia foi bom...

Amiraldo Patriota

patriotajp@hotmail.com

Era 23 de junho de 1980. Noite de festa junina, o autor viveu aqui um intenso amor. Casou com a jovem moça com quem dançou naquela noite, tiveram dois filhos. Mais de três décadas depois, eles voltam anualmente aqui, para rever a cidade e recordarem aqueles momentos aqui vividos. Deparou-se com a desolação do clube, tiraram algumas fotos em frente ao mesmo, e voltaram triste com o destino reservado a essa casa que grandes festas já proporcionou ao povo querido da cidade de Paxinanã – PB.