CINCO PEDRAS DE DAVI

O NASCIMENTO DE UM POEMA

Nasce em meio a dor

Dificuldade e tristeza

Em lágrimas o sofredor

Esbanja sua destreza

Com caneta na mão

Rabiscando o papel

Mergulhado na solidão

Encontra o amargo fel

E quando a noite passa

O sol traz a alegria

E vai como fumaça

Aquela dura agonia

Que quase fez perecer

Ajudando a poesia nascer

TEU OLHAR

Há alguns anos atrás, numa noite estrelada

Em frente ao portão, da casa de teus pais

Você com dezessete, eu um jovem rapaz

Te olhei fixamente, deixando-lhe calada

Teus lindos olhos, não paravam de brilhar

Me dizendo algo, e eu tentando entender

Foi um momento maravilhoso, nunca vou esquecer

Parecia um lindo poema, declamado pelo olhar

Imediatamente me aproximei

Senti as batidas do teu coração

Alí foi o início de uma linda união

Quando fechou os olhos lhe beijei

Numa bela noite de luar

Comecei a te amar

O POÇO

É como um poço profundo

Cada dia um nível diferente

Quando se revela ao mundo

Transborda abundantemente

Mas nem sempre é assim

Seco com águas barrentas

Como um abismo sem fim

Dias de profundas tormentas

Momentos de águas claras

Horas de águas escuras

As vezes as palavras são raras

Mas continuemos a procura

Esse poço é o coração

Do poeta apaixonado

Alguns dias sem ação

E outros inspirado

BRILHANTE

QUANDO A ESPONJA É ÁSPERA

A PANELA GRITA

Debochou a frigideira

Ao lado da panela aflita

Em quanto Luiz lavava

Com espuma macia

Dona Maria caprichava

Com aço, a panela gemia

Após cozinhar o feijão

Esse era o sofrimento

Da panela de pressão

Seu grande tormento

Mas depois de ser lavada

Sentiu a toalha macia

Sequinha e aliviada

Muito bem se sentia

A frigideira fosca viu

Na panela de pressão

Seu reflexo e sorriu

Com aperto no coração

A panela com emoção

Alegre a cantar:

QUANDO A ESPONJA É ÁSPERA

FAZ A PANELA BRILHAR

LIVRE

Sentimento invisível

No peito prisioneiro

Parece impossível

Mostrar-se por inteiro

Sua expressão facial

Disfarça muito bem

Parece até normal

Contar nada a ninguém

Poeta, abra o coração

Conta esse dilema

Com caneta na mão

Liberte esse poema

Castro Quintanilha
Enviado por Castro Quintanilha em 12/09/2020
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