ESTIGMA
Vejo marcas
por todos os lados.
No quintal,
na casa,
no quarto,
em você.
Percorro o teu corpo
a procurar pelos sinais,
para averiguar
se a mim pertencem,
se foram deixados por mim.
Engano.
O que pensar?
O que dizer?
O que fazer?
Fingir que não vi?
Gritar, esbravejar, brigar?
Não.
Cena muda.
O melhor
é manter-me calmo, anestesiado,
com os olhos fechados,
a boca calada,
as pernas e as mãos atadas.
Quieto.
E fingir.
Fingir, sim.
Que as marcas
foram feitas por mim.
Pelo furor
de uma intensa noite
do nosso amor.