a narrativa da dor, do fim e do sol
por que quebramos aquele copo
que estava sobre a mesa?
águas caíram no chão
assim que fomos embora.
em casa, eu te pergunto:
por que tu quebraste o meu espelho?
e tu devolves-me:
por que eu quebrei o meu espelho?
cacos de vidros em nossos pés,
sangue derramados no chão.
parece que nos acostumamos a viver
com vários cortes.
eu grito o sonho e tu, a realidade
eu me desmancho em pesadelo,
enquanto tu fechas a porta de casa
e deixa a chave para fora
o que fizemos? o que fiz?
tomo banho com feridas abertas,
a lavar o meu rosto de dor
coberto de angústia.
com a tolha em meu corpo,
peguei a vassoura e limpei os cacos
de um tornado chamado fim.
coloquei num saco de lixo, livrei-me.
arrumei toda a casa para mais um dia,
a esperar o sol bater na janela
me convidar para sair
e dizer que tudo não passou de tempestade.