a narrativa da dor, do fim e do sol

por que quebramos aquele copo

que estava sobre a mesa?

águas caíram no chão

assim que fomos embora.

em casa, eu te pergunto:

por que tu quebraste o meu espelho?

e tu devolves-me:

por que eu quebrei o meu espelho?

cacos de vidros em nossos pés,

sangue derramados no chão.

parece que nos acostumamos a viver

com vários cortes.

eu grito o sonho e tu, a realidade

eu me desmancho em pesadelo,

enquanto tu fechas a porta de casa

e deixa a chave para fora

o que fizemos? o que fiz?

tomo banho com feridas abertas,

a lavar o meu rosto de dor

coberto de angústia.

com a tolha em meu corpo,

peguei a vassoura e limpei os cacos

de um tornado chamado fim.

coloquei num saco de lixo, livrei-me.

arrumei toda a casa para mais um dia,

a esperar o sol bater na janela

me convidar para sair

e dizer que tudo não passou de tempestade.

Camélia Street
Enviado por Camélia Street em 07/09/2020
Código do texto: T7056919
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