AOS MENINOS DO BRASIL
Nas águas claras do riacho, correm virtudes e vícios.
Acompanho-os até que sumam após a curva,
Flutuam juntas as folhas do inverno.
Lavados os vícios, elas seguem limpas das cinzas deste tempo,
Nas virtudes, cravo o verde das minhas palavras de fé.
Há na areia branca ao fundo do regato
As marcas refletidas dos meus olhos.
Estes visionários seguem sobre as águas,
Salga-as com o tempero da esperança, sem poluí-las.
Derramo ali palavras de fé pelas crianças deste chão,
Pelo menino sério, que marcha obedecendo o som de seu tambor improvisado.
Salve a ciência positiva de seus sonhos, menino!
Ordinário-marche!
Coloque seu ideal sobre as folhas deste riacho, guri, marche!
Dê seu grito de liberdade,
livre-se desses pés descalços e da sisudez do semblante.
Marche e leve seus iguais sob as bênçãos do sal destes olhos,
Atravesse o riacho com a força de suas pernas
Apeadas
E jogue os arreios, que as águas os levem para sempre!
Dalva Molina Mansano
06.09.20