Estranho
Você é a espinha que me atravessa a garganta
que me corta
que engasga e que incomoda...
você é poesia que não quer, por mim, ser escrita
mas que sempre, em mim, grita
e dita
como não lhe merecer...
porque só sei ser incontido
mas sempre me aparto
e me parto
e parto adentro de mim...
partido
sou qual a lua em suas diversas fases
e quem de fora me vê
só me concebe ser estranho
mas sou sempre eu...
sou sempre dos mesmos erros
sou sempre dos mesmos ermos
estranho
mas sou sempre o mesmo...
de lados escuros e claros
mui falho
sou as marés de inconstâncias
de baixa-mar e preamar...
imposto, bisonho
um louco
transposto por entressonhos
de meios ou de inteiros termos
mas sempre em mesmo tamanho.