P R E C I O S I D A D E S (228)

P Ó R T I C O

- Meu irmão do Fanal ! Percebo o desconforto

que sobre ti recai,olhando o Olimpo em fumo,

queimado por sandeus. És dos poucos - presumo -

a polir, com paciência, o verso rude e torto.

Navegas pelo mar, à procura de um porto,

com tua frágil nau, um veleiro com humo

de um arcaico esplendor, mas o sextante e o rumo

vêm dos astros do ceu, não dos fósseis de um horto.

Que sigas teu labor em noites tristes, ígneo

de transpiração divina, aceitando o desígnio

de carregar a cruz para qual foste o eleito.

Que a musa te derrame abundantes canastras

de construções geniais e avise, nas pilastras:

" O soneto mais belo ainda não foi feito ".