MEU COMPANHEIRO (*)

Naqueles tempos de terror

O medo era rotineiro

Noites de pesadelos e temor

De tornar-se prisioneiro

Respirava-se o rancor

Perigoso e traiçoeiro

Poemas do compositor

Censurados por inteiro

Não se ouvia o trovador

Escondeu-se seresteiro

Sem palavras, o escritor

Foi embora pro estrangeiro

Proibido cantar-se a flor

Pisotearam o canteiro

Muitas lágrimas e dor

Nos porões do cativeiro

Gritou no portão o mensageiro

Trago notícias do professor

Pra esperar o companheiro

Comprei champanhe e licor

Continua o mesmo sonhador

Um perfeito cavalheiro

Fez-me um elogio lisonjeiro

Trouxe bombons e uma flor

Não perdeu o bom humor

A malícia e jeito galhofeiro

O sorriso encantador

E o sotaque bem mineiro

Perguntou do velho cobertor

Cheirou o seu travesseiro

Entreguei-me sem pudor

Como fosse meu posseiro

No fundo é mesmo meu senhor

Meu defensor e escudeiro

Atento anjo protetor

Rei do nosso tabuleiro

Ouça, meu bravo guerreiro

Fiz estes versos em seu louvor

Só lhe peço, por favor

Fica a meu lado, companheiro

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(*) Escrita nos anos 80, apropriado alerta aos dias de hoje.

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 05/09/2020
Reeditado em 05/09/2020
Código do texto: T7055062
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