Triunfo

Após longas guerras, com várias sequelas

Retornou o valente ao seu lar gentil

Coberto de honra, com marcas que assombra

Gozou tão sereno o descanso do ardil.

Com voz embargada declamou solene

- A minha história amigos, lhes dou,

Sou forte, guerreiro, e fui o primeiro

Que na linha de frente de batalhas lutou.

Respeitado por todos, guardou com orgulho

A espada afiada que lhe ajudou;

E a todos que duvidavam de sua bravura,

Declamava - a minha história amigos, lhes dou.

Mas passou-se os anos e do nobre valente

Ninguém mais se lembrava, abandonado ficou;

E quando com gosto, anunciava proezas,

Zombavam: coitado, louco ele ficou.

O tempo, implacável, levou toda sua força

E em nada lembrava o nobre sagaz.

Restou-lhe apenas as suas lembranças e uma espada

outrora afiada, que não corta mais.

Mas seus olhos brilhavam com a altivez de guerreiro

E mesmo passado o tempo, esse brilho ficou.

E quando dele zombavam, com voz embargada, lhes anunciava:

- minha história lhes dou.

Na primavera alegre, numa tarde bela

- O valente morreu! Ouviu-se falar.

Deitado sereno, com a espada no peito

No repouso eterno ele foi descansar.

Em sua lápide escreveram, como uma homenagem

"Adeus velho guerreiro, descanse em paz "

Foi logo abandonada, e até mesmo flores,

Tão simples e belas, não levaram jamais.

Mas o justo Juiz, que jamais se esquece

o nobre valente, sei que abençoou;

E com anjos belíssimos, sentado, declama:

- Amigos, a minha história lhes dou.

Matheus R Botelho
Enviado por Matheus R Botelho em 04/09/2020
Reeditado em 04/09/2020
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