Vestida de água
Achei-a na figura da mulher
Vestida de água
Fluida e translúcida
A percorrer os vãos recônditos do meu ser
Petrificadas em suas janelas
Gotas diáfanas de chuva
Trazidas pelo milagroso tempo
Já não sinto o ar pesar
Trazendo nas mãos as invenções humanas
Salgando rios de espumas escaldantes
Dedos ansiosos a me afogar
No calor dos teus dias infinitos
O chacoalhar dos ossos
O aviso dos vermes
As noites de insônia
A solidão que acompanha
Teus olhos misturados aos meus
A escrita de Deus revela tua alma
Pequena, ainda enxergo
A imensidão a desaguar de ti