PENSAMENTO
Quando penso que não penso em nada
É nesse momento que estou pensando em tudo
Está do lado de dentro
E do meu lado de fora está o silêncio
Um escuro com luz apagada
Como se a mente fosse uma cidade
Com postes vandalizados por sentimentos distorcidos
Cada pergunta é uma pedra arremessada
Cada argumento é uma parede pixada
É sob as costas uma pesada inchada
Depois de um longo dia de roça
Agora conto os dedos
Como se juntasse as pedras
O vento e o canto dos pássaros me aquieta
A porta está fechada mas mantém uma fresta
Que se alarga e se estreita
Numa incansável dilatação da matéria
Quando fixo os olhos no nada
E digo que não penso em nada
Mas é o nada que me consome
São as horas que mata a fome
Mas o que estou pensando?
Ora eu não penso e penso tudo
Enfim, o que será do meu futuro?