INFINITAMENTE
Quando minha mãe partiu, segurávamos as mãos, uma da outra. Momento derradeiro...
INFINITAMENTE
Eterna partida,
misto de profundo silêncio,
mas infinita ruidosa dor.
Falam intensamente os olhos no imprevisto
Perdidos no repentino e dolorido silêncio.
Torpor,
Confundem-se as mãos, prenúncio,
Agarram-se, não seguram, porém.
Posições de entrega ou de amém?...
Intensos olhares,
funda compreensão mútua
São rastros sanguíneos entrelaçados.
Peles, genes experimentando separação,
Corte, almas dilaceradas.
Fio que se rompe,
Mãos agarradas
Soltando-se passivas
Dos quintais e das mesas
Separadas.
Suplício sem fim
em lágrimas contidas.
Grandes portas e janelas, autodefesa
Abertas, inúteis corridas,
Palavras desconexas
sem respostas,
Sons incoerentes, mãos unidas, postas.
Caminhadas interrompidas,
Silêncios e soluços mudos.
Passos silentes,
Noite a dentro.
Dalva Molina Mansano