INFINITAMENTE

Quando minha mãe partiu, segurávamos as mãos, uma da outra. Momento derradeiro...

INFINITAMENTE

Eterna partida,

misto de profundo silêncio,

mas infinita ruidosa dor.

Falam intensamente os olhos no imprevisto

Perdidos no repentino e dolorido silêncio.

Torpor,

Confundem-se as mãos, prenúncio,

Agarram-se, não seguram, porém.

Posições de entrega ou de amém?...

Intensos olhares,

funda compreensão mútua

São rastros sanguíneos entrelaçados.

Peles, genes experimentando separação,

Corte, almas dilaceradas.

Fio que se rompe,

Mãos agarradas

Soltando-se passivas

Dos quintais e das mesas

Separadas.

Suplício sem fim

em lágrimas contidas.

Grandes portas e janelas, autodefesa

Abertas, inúteis corridas,

Palavras desconexas

sem respostas,

Sons incoerentes, mãos unidas, postas.

Caminhadas interrompidas,

Silêncios e soluços mudos.

Passos silentes,

Noite a dentro.

Dalva Molina Mansano

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 01/09/2020
Código do texto: T7051972
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