NU

Estou totalmente só.

Escondido nos meandros da emoção.

Flagelado. Nu.

As roupas, deixei-as cair pelas ruelas.

Amordaçavam.

Aprisionavam.

Tirei-as. Tiraram-nas.

O perfume que me impregnava era doce.

Selvagem. Rascante.

Deixei-o no ar.

Nos lençóis.

Nos beijos. Nos abraços.

Nos corpos perdidos a buscar:

prazer, dor, amor.

Onde estou?

Ao certo, não sei.

Mas, a chuva cai.

Cai Forte.

Brava. Furiosa.

E lava a minha alma.

E lava a minha terra.

E lava todo o meu corpo cansado e despido.

Para, depois,

ele, no chão, repousar.