Um Juízo quase que final

Meirinho:

Senhores presentes

Neste respeitável Tribunal

Onde a lei diligente

Julga tudo o que há de mal

Levantem-se e recebam

O Meritíssimo Juiz

Que dará uma sentença

Cumprindo o que a Lei diz

Juiz:

À luz da Justiça

Cega e sem privilégios

Mostrando não ser omissa

Julgando com poder régio

Dou como aberta a sessão

Que se traga o primeiro réu

Nenhum crime, ou corrupção

Navegará neste batel

Empresário (primeiro a ser julgado):

Tenho mil funcionários

Não caibo nesta ação

Pois só eu pago salários

Mas me desvio do Leão

Bem pior é o banqueiro

Que só lida com dinheiro

Deixa o pobre em apuros

Com cobranças de altos juros

Banqueiro:

Sr. Juiz isso é pecado

Como reconhecerá o Jurado

É da minha “jurisdição”

Tirar o dinheiro do colchão

Meu cliente tem segurança

Passa tranquilo o seu dia

Contra a violência que avança

Ele me passa uma fatia

Político:

Tudo o que eu ganho é pouco

Para administrar essa nação

Repito tanto que estou rouco

Nada aqui é corrupção

Me coloco lado a lado

Com quem eu olho de frente

Tudo em mim é contestado

Se eu escolho só parentes

Latifundiário:

Se nessa terra tem palmeiras

Nela eu também plantei a cana

Espalho semente sem eira, nem beira

Até onde o vento abana

Guardo mil acres parados

Final, a terra é minha

Não vou perder meu legado

Se a ameaça se avizinha

Juiz

Quantos inocentes no mundo

A quem eu devo julgar

Me sinto até imundo

Mas não vou as mãos lavar

Acorda para o erro

A sentença dá o desterro

Ao erro crasso, ao erro grosso

Dou a corda ao pescoço

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 01/09/2020
Reeditado em 01/09/2020
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