Um Juízo quase que final
Meirinho:
Senhores presentes
Neste respeitável Tribunal
Onde a lei diligente
Julga tudo o que há de mal
Levantem-se e recebam
O Meritíssimo Juiz
Que dará uma sentença
Cumprindo o que a Lei diz
Juiz:
À luz da Justiça
Cega e sem privilégios
Mostrando não ser omissa
Julgando com poder régio
Dou como aberta a sessão
Que se traga o primeiro réu
Nenhum crime, ou corrupção
Navegará neste batel
Empresário (primeiro a ser julgado):
Tenho mil funcionários
Não caibo nesta ação
Pois só eu pago salários
Mas me desvio do Leão
Bem pior é o banqueiro
Que só lida com dinheiro
Deixa o pobre em apuros
Com cobranças de altos juros
Banqueiro:
Sr. Juiz isso é pecado
Como reconhecerá o Jurado
É da minha “jurisdição”
Tirar o dinheiro do colchão
Meu cliente tem segurança
Passa tranquilo o seu dia
Contra a violência que avança
Ele me passa uma fatia
Político:
Tudo o que eu ganho é pouco
Para administrar essa nação
Repito tanto que estou rouco
Nada aqui é corrupção
Me coloco lado a lado
Com quem eu olho de frente
Tudo em mim é contestado
Se eu escolho só parentes
Latifundiário:
Se nessa terra tem palmeiras
Nela eu também plantei a cana
Espalho semente sem eira, nem beira
Até onde o vento abana
Guardo mil acres parados
Final, a terra é minha
Não vou perder meu legado
Se a ameaça se avizinha
Juiz
Quantos inocentes no mundo
A quem eu devo julgar
Me sinto até imundo
Mas não vou as mãos lavar
Acorda para o erro
A sentença dá o desterro
Ao erro crasso, ao erro grosso
Dou a corda ao pescoço