P R E C I O S I DA D E S (227)

O M O N S T R O

O rosicler de aurora peregrina,

manhã sem nuvens, pálida e serena,

ar puro, veiga de boninas plena,

e entre elas, tu, a mais gentil bonina.

Tu, que és a branca aparição divina,

e essas iguais a ti, querida Helena,

são as que põem um monstro estranho em cena,

que começa em prazer e em dor termina.

E este é leve, é sutil, é transparente,

vem, arrasta-se, sobe, e de repente

entrou em nós, com ele entrando o horror,

E em nós vive, e se nutre dia a dia

com pedaços de carne e de alegria ...

Não conheces o monstro ? O monstro é o amor.