Os filhos do agreste
Os filhos do agreste
Sandra Ravanini
Desnudamento tão igual nos caminhos sem porvir;
arrasta o pé e a indigência nos olhos, luz de vidro!
Crianças bebem o lodo do teu chão desabrido
e o sonho adormece insepulto, implorando não cair.
O facão toca a nota zunindo o esquecimento
dos corpos frágeis que semeiam a plana terra,
e decepando o ir por ir, consolam toda espera
das mãos erguidas pedindo um pouco de alimento.
Comer espinhos! Gira sol à flor que te veste
em sede, banhando os restos desta agreste estação,
esperando a utopia chover gotas de compaixão
no teu imenso sertão, brotando um outro Nordeste.
22/10/2007