Destino
Não busco cátedra,
Reconhecimento, troféus
Não ouso títulos
Muito menos, um nome ao léu.
Faço casa na simplicidade
Fui formada de fantasia e abstração
Sou do anonimato
Prefiro andar só, à multidão.
Pouco serve o saber
Senão houver a poesia na ocasião.
O conhecimento muda,
Daqui nada se leva não.
A não ser as boas lembranças
A natureza que se conversa.
Sabendo que tudo vira pó
Como um grão de areia, se encerra.
Sigo assim,
cristal arenoso, inservível
Um lamento no deserto
Deste grande sonho em que vivo:
Quem sabe levada pelo vento
Perto das ondas do mar
Misturada nas águas fartas
Uma concha encontrar.
E virá pérola guardada
Para o oceano adornar.
Ali no profundo para sempre
De todo mal me livrar.
Satisfaz-me ser a poesia,
Do vento, do mar, da areia fina
Essa natureza que morre e se transforma
Para cumprir a sua sina.
Paula Belmino