A CURA

Aquele corte de punhal

que sangrava todo dia

não dói mais.

Há novas cores

que anestesiam as lembranças.

O tempo...

A cura...

A cura...

O tempo...

Dor é fermento.

Com pés descalços e nova estatura,

piso a terra firme da consciência

e percebo que as lutas travadas

multiplicam a cada dia os meus exércitos.

As cicatrizes de cada viagem

escreveram em meu corpo a nossa história.

Fecho a porta,

desfaço a mala mais uma vez.

Leio-me no espelho

na certeza de guardar na pele

aquele capítulo,

indelével,

da quase felicidade

onde morava a falecida inocência.

Stella Motta
Enviado por Stella Motta em 24/08/2020
Reeditado em 24/08/2020
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