A CURA
Aquele corte de punhal
que sangrava todo dia
não dói mais.
Há novas cores
que anestesiam as lembranças.
O tempo...
A cura...
A cura...
O tempo...
Dor é fermento.
Com pés descalços e nova estatura,
piso a terra firme da consciência
e percebo que as lutas travadas
multiplicam a cada dia os meus exércitos.
As cicatrizes de cada viagem
escreveram em meu corpo a nossa história.
Fecho a porta,
desfaço a mala mais uma vez.
Leio-me no espelho
na certeza de guardar na pele
aquele capítulo,
indelével,
da quase felicidade
onde morava a falecida inocência.