O perigo das estrelas
Tenho outra frase que sempre gosto de repetir. Se alguém já falou isso e eu soubesse daria o crédito. No planeta Terra os intrusos somos nós os humanos. Esse céu azul, esse calor do sol e as noites estreladas servem de miragens para os enormes perigos que nos cercam. Parece que uma das audácias da evolução é correr riscos.
É sabido que no nosso planeta cinco extinções em massa já ocorreram. A maioria da vida existente na época desapareceu. Quando uma acontecia, a evolução nunca se dava por vencida. Novas espécies e formas de vida aparecia para sumirem na extinção seguinte. Nós somos o resultado desta sucessão de vida e morte. É possível que a raça humana seja a próxima vítima quando a sexta extinção em massa acontecer. Acontecerá.
A mais conhecida das cinco ocorreu há 65 milhões de anos. Vitimados pela colisão de um asteroide medindo 10 km com o planeta, foi a vez dos dinossauros dizerem adeus. Aqueles que voltaram à vida pela ficção do escritor Michael Crichton. Depois o cinema nos apresentaria alguns deles quase como bichinhos de estimação. Não eram.
Agora um estudo publicado pelo periódico “Proceedings of the National Academy of Sciences”, oferece uma teoria para a causa de uma extinção menos famosa há 359 milhões de anos. Esse período é conhecido por “Devoniano Superior”. Uma reportagem da revista Superinteressante assinada por Bruno Carbinatto faz um relato do estudo.
Entre 70% a 80% das formas de vida sucumbiu na extinção do “Devoniano Superior”. As mais afetadas viviam nos oceanos. Com grande potencial, apontava-se o dedo para dois vilões. Uma era de glaciação e impactos de asteroides. O estudo aponta outro vilão. A explosão de uma supernova há 65 anos-luz da Terra. Supernova é o estágio final de uma estrela de grande massa que consome todo o seu combustível e explode.
O estudo diz que a radiação e matéria liberadas no colapso da estrela pode ter rasgado a camada de ozônio que protege o planeta, deixando as formas de vida expostas à radiação. Rochas do fim do “Devoniano Superior” mostram que houve uma alta incidência de raios ultravioletas do Sol chegando a superfície do planeta. Isto seria impossível sem que a camada de ozônio sofresse algum tipo de acidente.
É consenso entre os astrofísicos. Seremos extintos se uma estrela explodir em supernova até uma distância de 25 anos-luz. A mais próxima com essas características mostrando sinais de estar moribunda é Betelgeuse, a segunda estrela mais brilhante da Constelação de Órion. A 10ª ou 12ª mais brilhante vista da Terra distante 640 anos-luz.
O autor do estudo Brian Fields diz: “Nós somos cidadãos de um cosmos maior que intervém em nossas vidas. Muitas vezes de forma imperceptível, mas, às vezes, de forma feroz”. Sim, apocalíptico. Será que uma outra raça dominante traria os humanos de volta à vida pela ficção? Nunca seríamos bons bichinhos de estimação.