Rasguei as ruas
sem saber
se era de mim ou de você
que eu corria,
que eu fugia,
que eu morria
em cada esquina,
em cada curva,
em cada olhar
sem direção.
Morri de medo
de cada sonho,
de cada verso
que em mim disperso
como as verdades
de outros tempos,
rugiam alto
em meus ouvidos
tal qual lembrança
de anos idos.
Sangrei sozinho
em cada noite
no calabouço
estreito e frio
do medo senil.
Preso em algemas
de lírios brancos,
de sonhos doces
e de promessas
que não existem
no amanhã.
Ah, me deixe ir...
Ah, com meus espinhos...
Ah, me deixe ir...
Ah, para outros ninhos...