CORAÇÃO E CÉREBRO

Eu bem disse ao coração pra não sentir

O amor que ele não quer rejeitar...

Disse a ele pra resistir

Para fugir, não se entregar,

Mas o coitado, apaixonado,

Recusa-se a raciocinar,

E vai batendo acelerado...

Parece não querer me escutar.

Chamei o cérebro, mais centrado,

Pra resolver a situação...

Disse-lhe que ajudasse o coração

Que andava destrambelhado.

O cérebro, circunspecto,

Pôs-se então a escutá-lo...

Examinou-lhe o aspecto

E disse: tem jeito não... vou interditá-lo!

Mas o coração replicou zangado:

Em mim cérebro não manda

E, pulsando forte, mostrou-se valente,

Fazendo o cérebro voltar para a mente.

Lá, preso entre os muros da razão,

Viu-se o cérebro limitado...

Sentiu inveja do coração,

Por sabê-lo assim, tão liberado...

Queria provar dessas sensações,

Queria permitir-se o proibido,

Mas consciente de suas limitações,

Voltou a ser o órgão racional e comedido...

E o coração? Livre, foi ser feliz,

Porque nada, nem ninguém o faz recuar.

Foi fazer na vida o que bem quis...

Foi sentir, se arriscar, se apaixonar e amar.

Ouvindo chet baker - i fall in love too easily [tradução/legendado]

https://youtu.be/vggxRDsucjE