Estação certa
Não é pela cor das flores, ou folhas
não é o chão batido, cercado
de pedras
Nem o céu
ou será
Talvez seja a vontade de sentir
a verdadeira liberdade
ou outra coisa
que nem sei
Desejo esse voo sempre igual
e inexplicável
para essa estação certa
que aqui alcanço
É um não sei o quê
de satisfação, gratidão, e de lembranças
não acredito em reencarnação
mas tenho antepassados
Num lugar tão amado, minha alma
ficou pregada, quando volto
ela quer ficar
nesse canto conhecido, que
vai muito mais além
do que posso enxergar
É aqui nesse lugar encantado
que mesmo quando fisicamente
não posso estar
a minha alma vai de olhos fechados
Nele, sou outro começo
Recomeço é querer se enganar
aqui tudo para mim, é novo
Cheiro a vida no ar
os ventos sopram segredos
aos meus ouvidos
A alma evolui com o tempo
tudo fica mais intenso
dos escravos, ouço os gemidos
Evitamos o sentir, preferimos ignorar
para não se envolver, e não chorar
para não ter mais apego
sufocamos os nossos medos
evitamos danos, e novos enganos
Reta final, cheguei
na estação certa
O gostoso é fugir para aqui me encontrar
nesse lugar que chamo de meu
porque juro, não fui eu
foi a minha alma que escolheu
esse pedacinho de terra, em Redenção-Ceará
não quero conhecer outro lugar.
Liduina do Nascimento