OLHAR PRA FRENTE

O SOL MORNO DO FIM DA TARDE ENTRA PELA JANELA

E A LUZ OCUPANDO TODOS OS ESPAÇOS ME FAZ REFLETIR

VOU ME DEIXANDO EMBALAR INTENSAMENTE PELA PROFUSÃO DAS CORES QUENTES

A MENTE VAGUEIA...DIVAGA... VIAJA PARA MEUS CONFINS

VERTIGINOSAMENTE VOU LÁ PARA TRÁS

ISSO ME ASSUSTA, SÃO TANTAS COISAS QUE LÁ DEIXEI

NÃO QUERO OLHAR PARA O QUE FICOU

O PAVOR DE FICAR CEGA HORRENDAMENTE ME DOMINA

A ESCURIDÃO É DENSA

A DOR QUE DEIXEI LÁ AINDA ME ESPERA

E EU ME DESESPERO LOUCAMENTE

TENTO SAIR DESSE LABIRINTO

QUANTO MAIS ME DEBATO, MAIS LONGE VOU AFUNDANDO

DAS FERIDAS DILACERANTES VOU ME APROXIMANDO PERIGOSAMENTE

NÃO QUERO SEGUIR PARA TRÁS

MEU LUGAR É NO PRESENTE

AOS POUCOS A TARDE VAI CAINDO

O SOL LENTAMENTE NO MAR VAI SE ESCONDENDO

A BRISA DO FIM DE TARDE VEM ME RESGATAR

ELA ME TIRA DAQUELA ESTRADA QUE JÁ TRILHEI DOLENTEMENTE

E QUE NÃO QUERO NUNCA MAIS VOLTAR

EU NÃO OLHO MAIS PARA TRÁS

É NA ESTRADA QUE VOU ABRINDO QUE DESEJO CAMINHAR

ADIANTE EU QUERO IR DOCEMENTE

QUERO ENXERGAR O QUE ESTÁ AQUI

VISLUMBRAR O HORIZONTE E ENXERGAR O QUE VEM PELA FRENTE

TENHO MEDO DE VIRAR A CABEÇA E FICAR CEGA NOVAMENTE.

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 22/08/2020
Reeditado em 22/08/2020
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