Última valsa

Quando os vermes vieram

Comer minha dura carne

Gritei: “Ainda não!

Estou viva!”

Embora os olhos estivessem secos

As mãos e pés gélidos

E a ferida não mais sangrava

Assim que as sombras rastejantes

Afastaram-se sem olhar para trás

Percebi que eram muitas as rugas

Imagens desbotadas

Folhas amareladas

Poeirentas e insignificantes

Em sua infinita compaixão

A morte ofereceu-me o braço

Para uma última valsa

Moendo os ossos

Despedaçando a alma

Num eterno e ofegante rodopio

Rafaela Alonso
Enviado por Rafaela Alonso em 21/08/2020
Código do texto: T7042587
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