Última valsa
Quando os vermes vieram
Comer minha dura carne
Gritei: “Ainda não!
Estou viva!”
Embora os olhos estivessem secos
As mãos e pés gélidos
E a ferida não mais sangrava
Assim que as sombras rastejantes
Afastaram-se sem olhar para trás
Percebi que eram muitas as rugas
Imagens desbotadas
Folhas amareladas
Poeirentas e insignificantes
Em sua infinita compaixão
A morte ofereceu-me o braço
Para uma última valsa
Moendo os ossos
Despedaçando a alma
Num eterno e ofegante rodopio