Onde há deserto, há vida!

estamos tão longe um dos outros,

mas nunca estivemos tão perto.

nunca um abraço foi tão apertado,

nunca um beijo na boca foi tão desejado.

nao sei se estou errado,

nem quero estar certo.

apenas percebo nesse momento,

que onde há deserto,

há mais chance de vida,

onde há um insano movimento,

não há segurança, nem guarida.

estamos necessitados de nós,

sem toques, sem contatos,

galgados na nossa voz,

ligados nas lembranças, nos retratos,

no fulgor daquela prece

que nos afaga, nos aquece,

enquanto lá se vão, luas, sóis;

enquanto juntamos os cacos.