Ritualística

De manhãzinha lá ia eu-menino ajudar meu pai a carregar o milho. Ele fazendo montinhos no meio da roça e eu juntando num balaio. Me incomodavam os arranhões feitos pela folha do milho, mas cumprir a função valia todo o sacrifício.

Depois eu me juntava com minha mãe e minha irmã para descascar e cortar o milho.

A pamonha ficava pronta lá pelo meio dia e era nossa refeição – exceto para meu Pai, que nunca dispensou o almoço.

Recordo-me da cena quadro a quadro: eu pegava duas pamonhas na peneira, ainda soltando fumaça, e ia me sentar nas duas travessas de madeira que ficavam na parte de cima da casinha, depois da fornalha. O sabor do milho, o queijo derretido no meio...

Ali eram o momento e o lugar sagrados.

Jamais os esquecerei.

José Carlos Freire
Enviado por José Carlos Freire em 20/08/2020
Código do texto: T7041647
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