Sobre Certos Encontros

Sobre Certos Encontros

A imobilidade já por demais extensa

anuncia em graça seu propósito,

a mim e em mim a perplexidade

se revela e se desfaz. Uma nuvem !

Das marés estáticas chegam sinais,

movimentos infiltrando-se nas fissuras

geológicas desse meu eu-latifúndio.

Estou sentindo.

Sentido por sentido envolvidos

e atarefados, estruturas internas

que se deslocam zelosas, concêntricas

e côncavas na arquitetura sequiosa

adotando novas e harmoniosas formas

nessa sutil e suprema transmutação.

Me é estranha a ausência da dor

que é também a dor das ausências.

Aquelas geradas nas distâncias entre mim

e minhas brancas ausências. Talvez porque

estas já não possuam lugar nos pátios amplos

e povoados, ou se tenham instalado humildes,

de tal forma silentes que sequer as suspeito.

Penso que a morte deva ser assim.

Nem dor nem ausência. Mas percebo e sinto

o estremecimento intenso daquilo que é vivo.

E vai por dentro um farfalhar de borboletas.

Deve ser isso. Sim. Estou voltando prá mim...

Claudia Gadini

24/10/05