METAMORFOSE

Quando deixamos

a ignorância nos adoecer,

criamos círculos viciosos

que são sempre danosos.

Acontece a metamorfose,

ouvindo as matilhas rosnarem,

estamos sempre prontos

para aprender a rosnar.

Acontece a metamorfose,

o rosnar se transforma

numa obscura ciranda,

a apoteose das divindades.

Marchando como soldados

deixamos o vírus nos infectar,

peões obsoletos e descartáveis

que sonham com o paraíso.

Acontece a metamorfose

nas preces murmuradas,

nas armaduras vazias

abominação do bom combate.

Acontece a metamorfose

nas páginas dos livros sagrados,

uma viagem insólita

com destino às miragens.

Gostamos da doença,

ela permite apontar o dedo,

e sempre nos redime

de toda a culpa.