Poema irritado
Poema irritado
Meu tempo é precioso, por isso, não atrapalhe a minha solidão ocupando meus espaços já preenchidos pelas estantes que construí.
Minha paciência nunca foi de Jó; minha ironia jamais foi Machadiana; sou eu, apenas!
Não quero conversar sobre sexta-feira, minha semana tem dias que você jamais conhecerá.
Não fale da política passional, sou oposição sempre.
Não me acompanhe, pois não sou série. Aliás, nunca gostei de continuação
Não me peça explicação sobre o que jamais vai entender; nunca tive tempo para diálogos sem fundamento.
Não me apresente os seus, tenho fantasmas e demônios que assustariam a todos.
Não brinde comigo! Não divido um cálice com qualquer um que jamais ouviu uma canção do Chico.
Sua autoajuda irrita-me!
Não aceito argumentos daqueles que desconhecem Machado e Dostoiévski.
Não bata em minha porta, pois não abro o cotidiano ocioso de vida.
Não me adicione em redes sociais repletas de um diário confessional público. Não tenho paciência!
Ah! Até quando quererá apertar a minha mão?
Ande em grupo e não me convoque. Ando por aí.
Não, não quero o que não me tire do lugar comum.
Mário Paternostro