Melancolia CXII

Tenho me dito

Até mesmo meditado

Sou o instante de um eco

A esperança de um solitário.

Tenho mãos puras encobertas de sangue.

Coração nos olhos

Azul na escuridão.

Há parede que muda de cor

Riscos na pele, sutis cicatrizes.

Tenho nas mãos folhas e canetas,

tetos e cordas.

Pergunto-te se irá olhar minhas mãos douradas

Minha linha tênue entre tesouras e asas.

Lágrimas para te abraçar

Lâminas para te sangrar

O vigor em uma noite para aclamar vida

E melancolia suplicando a morte.

Sou agosto

Engulo as lâminas e floresço no escuro

Peço-te, imploro para que lave minhas mãos

Ouço nosso silêncio

Acredito que devo acreditar

Sinto que sinto muito

Ergo as mãos para não me pregar.

Ytalo Scharf
Enviado por Ytalo Scharf em 15/08/2020
Código do texto: T7035739
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