Melancolia CXII
Tenho me dito
Até mesmo meditado
Sou o instante de um eco
A esperança de um solitário.
Tenho mãos puras encobertas de sangue.
Coração nos olhos
Azul na escuridão.
Há parede que muda de cor
Riscos na pele, sutis cicatrizes.
Tenho nas mãos folhas e canetas,
tetos e cordas.
Pergunto-te se irá olhar minhas mãos douradas
Minha linha tênue entre tesouras e asas.
Lágrimas para te abraçar
Lâminas para te sangrar
O vigor em uma noite para aclamar vida
E melancolia suplicando a morte.
Sou agosto
Engulo as lâminas e floresço no escuro
Peço-te, imploro para que lave minhas mãos
Ouço nosso silêncio
Acredito que devo acreditar
Sinto que sinto muito
Ergo as mãos para não me pregar.