Triste figura

Dias e noites ficaram para trás

repletos de lembrança lilás.

Horas, minutos e segundos

levaram amores de todos.

Fotos doloridas estão presas às mentes

oradoras em idiomas diferentes.

Atônita, a humanidade assiste à crença

crescente e cruel da indiferença.

Vê, mas não tem o direito de crer

na falta de fé contida em algum dizer.

Som desprezível e inútil atirado ao chão

seco contido em gélido coração.

O outro que passa, que corre, que olha

é igual a você que não mora em bolha.

O barco imenso que habitamos é universal

e com humano espaço sem direito a sal.

Nostalgia, perda, saudade, dúvida e esperança

têm de estar aladas à meiguice sublime de cada criança.

Sem ela, dias, noites, horas, minutos, fotos, lembrança

se perderão na triste figura, que não é nova, da descrença.

14.08.2020

Alexandre Sansone
Enviado por Alexandre Sansone em 14/08/2020
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