QUEM?

quem, senão eu,

para tão bem ser o macaco do teu amendoim,

o botão errado,

notado e, logo, ceifado

do centro pretensamente simétrico do teu jardim?

e se não fosse eu,

quem haveria de oferecer a própria pele ao gume

de aço afiado,

forjado, prateado

que se esconde nas vielas sombrias do teu sangue, da tua urina e do teu perfume?

e caso um dia

eu ousasse negar-te a última parte do meu juízo

como prenda,

oferenda,

qual seria a minha pena por rebelar-me e ignorar o aviso?

quem, senão eu,

para tão bem ser o pai do teu nefilim,

a ama seca do teu anjo caído,

açoitado, partido,

fadado ao brilho nefasto das tuas urim e tumim?