O que eu não sinto

Ela pediu que eu ficasse

e eu pensei em dizer

pra deixarmos para outra hora

mas ela pegou todas as minhas roupas

e jogou na máquina de lavar...

Então eu realmente não tinha muito para onde ir.

e resolvi me sentar na cama dela

e beber toda a cerveja que havia na geladeira

só por uma questão de vingança,

fria.

- não beba tanto - Ela pediu

- Você fica morto sempre depois da oitava lata

E eu já estava na terceira

Deixei as latas e a vingança de lado

e ela veio certeira,

e cravou as unhas nas minhas costas

e me sugou inteira

a paixão dos lábios e da carne.

Eu quis gritar-lhe o meu poema

mais imundo,

que tinha guardado

na ponta da língua,

enquanto me enfiava

de cabeça e por inteiro

nas veredas do corpo dela

Nas esquinas do seu prazer sem culpa

iluminadas à luz de vela,

só pra morrer enfim

antes do seu cigarro derradeiro

- Eu sinto muito, ainda

Eu lhe disse, por fim

por mim

e por nada sentir

além do gozo

em que me afundo

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 13/08/2020
Código do texto: T7034222
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