A poesia maldita do blusman
A poesia maldita do Bluesman.
Minha poesia nasce do rescaldo dos incêndios
Das águas mornas onde os escorpiões militam
Das barbys jogadas ao lixo e dos barbitúricos
Dos ciclones de açúcar se dissolvendo no fundo dos copos deletérios.
Da molécula sonora do metal que se desdobra plangente.
Num eco imbuído de escamas irisadas.
Dos tombamentos do sonho
Na espuma fria das cervejas.
São espelhos vespertinos repetindo o vazio...
Maravilhado, onde descobri que o verso é inútil quando se é feliz
E o poema só deflagra seus símbolos
Quando um dos dois murmura "Não dá mais".
Minha poesia vi crescida, no deglutir mórbido dos ferros
Nas paredes negras de fumo
E nas cores tristes do caruncho
Minha poesia os matizes calmos do céu, furta-cor.
tugúrio vazio, morada de passarinhos.
Salsugens do atol.
Soslaio sorrateiro onde rolam os ventos no capim do chão.
Minha poesia, a tristeza que envenena e que distrai... As feridas do amor e às nossas penas!
Francisco Cavalcante