Insepulto
Na lápide fria jaz o corpo
Meio morto ele segue todo dia
Ainda fria a alma já cortada
Na calçada uma vida arredia
A facélia não mais que tardia
Produzia aflição já mastigada
Como passos notórios na estrada
Um olhar transbordando melancolia
Já se via a alcova semipronta
O sepulcro lacrado, quase virgem
A vertigem da lembrança o conduzia
Ao estado catatônico, meio vivo
E ativo, somente seu olhar
Na ausência temporária do juízo
Lentamente, no entanto, se puia
E na ânsia, cicatriz já dolorida
Tumular a existência já morrida.