Insepulto

Na lápide fria jaz o corpo

Meio morto ele segue todo dia

Ainda fria a alma já cortada

Na calçada uma vida arredia

A facélia não mais que tardia

Produzia aflição já mastigada

Como passos notórios na estrada

Um olhar transbordando melancolia

Já se via a alcova semipronta

O sepulcro lacrado, quase virgem

A vertigem da lembrança o conduzia

Ao estado catatônico, meio vivo

E ativo, somente seu olhar

Na ausência temporária do juízo

Lentamente, no entanto, se puia

E na ânsia, cicatriz já dolorida

Tumular a existência já morrida.

Genival Silva
Enviado por Genival Silva em 10/08/2020
Reeditado em 10/08/2020
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