SINONÍMIA
No sábado de um enlace
A alegria dos nubentes
O primor da cerimônia
E o amplexo dos parentes.
O parelha preocupado
Com a festa tão pomposa
Os regalos não compensam
A dívida dispendiosa.
Na aurora do domingo
A contemplação do páramo
O ósculo doce do cônjuge
No silêncio brando e plácido.
O homem da casa é cioso
Gosta de muito afago
Tem aversão à intriga
Não atura um agravo.
A labuta é penosa
Mas luta-se pela pecúnia
A seriedade no ofício
É a fuga da tal penúria.
Quiçá uma gravidez
Mude o diário rotineiro
Trazendo contentamento
E longo tempo fagueiro.
A vinda do pequerrucho
É erigir na madrugada
Grande altercação do pai
Pranto pela mamada.
Os óbices são freqüentes
Cercam vários momentos
Logo existindo desvelo
Sofrem abatimento.
O valimento é importante
Enfrenta trepidação
O varão é inteligente
Amplia a erudição.
Não há lugar pra potoca
A improbidade é ilegal
Na presença dessa balda
Delação seria fatal.
Na urbe tudo é pequeno
Mas a peripécia existe
Esquece-se a solitude
Ninguém fica extenuado e triste.
A prole aumenta decerto
A condição deve afligir
Diante de forte avidez
Alguém pode até sucumbir.
Na casa só tem glutão
E a sesta é interminável
Se a gula persiste e avança
O airoso fica inviável.
Já se tenta solver as contas
E fugir do detrimento
O esmero está aumentando
Não se compra nem indumento.
E sem discorrer do cansaço
Que caminha para um morbo
Em vez de buscar arrimo
Entrega-se sempre ao arroubo.
E quando um plutocrata
Surge como um finório
Aproveita-se da probidade
E do estado de notório.
Porém o indivíduo falto
Começa acoroçoar
Evita promessas e embustes
Pra não deixar soçobrar.
E mesmo uma vida novel
Repleta de muita mazela
Sofre de um mexerico
Em algum lugar da viela.
A vida tem seus devaneios
Com muitas razões pra aventar
E o persistente e cordato
Consegue o triunfo alcançar.
Poesia criada em 01/ 07/ 02.