BETONEIRA

Pega água,

A água.

Não pode faltar o artigo definido.

Afinal, não é qualquer água.

Pega a água,

A pedra.

Ou melhor, mais de uma.

Várias.

Tem que ser bruta.

Brutas.

É dolorido.

Até contar... precisa?

Pega a água, as pedras brutas,

Joga cimento.

Bom cimento.

Daquele cinza, pesado,

De cinquenta quilos.

Cuidado ao rasgar o saco.

Pesa demais.

Pega a água, as pedras, o cimento,

Liga.

Não quer ligar.

Tem que ligar.

"Hoje não".

Liga! O verbo está no imperativo.

"Estresse. Demorou para..."

LIGA!

Pega a água, as pedras, o cimento, liga.

Tudo ali vai se mexer.

Para frente, para trás.

Chacoalhando dentro. Misturando dentro. Batendo dentro. Pesando dentro. Molhando dentro.

Ligado...

Cansa...

Para tudo!

Ok.

Agora joga a massa.

Após jogar, eu ouço:

"Nossa! Que texto ruim!"

E com ele construí meus prédios, castelos e pontes.

Asfaltei caminhos de sonhos. Reboquei sentimentos feridos.

Enchi colunas de vida.

Hoje estão lá. Firmes.

Ai ai...

Concreto é tudo o que o coração demora a soltar,

De dentro.

Resultado do que chacoalhou, misturou, bateu, pesou, molhou.

Ligado. Inspirado.

"Vai coração! Convença-me a escrever isso agora!"

Simples.

Desliga,

E deixa a massa derramar,

Antes que endureça teu peito,

E seja mais difícil quebrar a ti mesmo,

E te tornes betoneira,

Que sem a água,

Sem as pedras brutas, várias,

Sem o cimento cinza e pesado,

Sem ligar,

Por vergonha ou receio,

Timidez ou fracasso,

Fiques para sempre vazio,

E nunca mais faça cidades,

Onde o sonho é real.

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_

Pra quebrar a banca de vez, o mestre JOTA GARCIA responde com um tautograma na lata:

--- --- ---- ---- ---- ---- --- ---- ---- ----- ----- ---- ----- ---- ------ -----

Para prevenir problemas particulares, pus-me pedreiro. Pausei poesias por pequeno período.

Peguei pá, picareta, pedras para preenchimento, peguei pesado.

Poderia pagar para providenciar, porém pensei:

Parado, preciso praticar, posso produzir pra quê prejudicar o patrimônio pecuniário?

JOTA GARCIA

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_

Também a célebre honra a professora e mestra CREUSA LIMA me deixa de queixo caído com uma brilhante interação:

BETONEIRA

Pega a água, que ela é essencial,

Fundamental ao planeta, à vida...

Inodora, incolor, insípida;

Construtor, de olhar crispado e real!

Água, cimento, pedra. Afinal,

São os instrumentos com que lidam,

Seu suor e cansaço... Consolidam,

O amor, a fé, o prazer do casal.

Defenda o pão, que sustenta o amor,

Liga dura que edifica a massa...

Amanheça na betoneira com graça!

Por ser homem que ama, faz do suor,

A vida mais bela na construção,

Da fé, da família e da oração...

CREUSA LIMA

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_

Para minha enorme alegria o contista CRISTIAN CANTO, inspiradissimo, chegou virando a betoneira com uma excelente interação:

Eu falo : - Antes vazio, esperando o tal saco,

Calor ou frio, desistência é do fraco.

O peso do acumulado, reflete na veias saltadas,

Sendo leve ou pesado, fazendo moradas.

Ora caro braço, não decepcione o projeto,

Tem que ser de aço e o coraçao de concreto.

Resposta do braço: - Nao sou o problema, você que fraqueja,

A vida é o dilema, pra quem foge da peleja.

CRISTIAN CANTO

Leandro Severo da Silva
Enviado por Leandro Severo da Silva em 10/08/2020
Reeditado em 14/08/2020
Código do texto: T7031175
Classificação de conteúdo: seguro